quarta-feira, 22 de junho de 2016



PROJETO INTEGRADO: MOVA, POR UM BRASIL ALFABETIZADO


  1. INTRODUÇÃO
Visando em desenvolver um projeto de pesquisa, apresentamos o projeto – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), criado por Paulo Freire, O projeto MOVA-Brasil tem como finalidades a inclusão social e a garantia do direito humano à educação, a reeducação do analfabetismo no Brasil, a geração de trabalho e renda e, com isso, contribuir para construção de políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). A ação pedagógica se desenvolve com base na leitura do mundo do (a) educando (a), que busca mapear as situações significativas do contexto em que estão inseridos. O projeto vai além de ler e escrever, pois o professor tem como objetivo assegurar a todos os jovens e adultos o combate ao preconceito, trabalhando a autoestima encorajando-os e mostrando a importância do conhecimento.
Ao longo dos anos para milhões de brasileiros essa perda de inclusão social, começa com a perda do direito de educação, quando uma sala de aula é trocada quase sempre por subempregos e consequentemente por uma vida sem qualquer perspectiva, seja ela presente ou futura, viver numa cidade onde a leitura e a escrita fazem parte das pessoas dificulta a vida daquelas que ainda não conseguem dominar o código escrito.
De acordo com Paulo Freire, o projeto político-pedagógico que estamos articulando pretende, em última instância, que partindo de uma primeira leitura do mundo, meninos e meninas, homens e mulheres façam a leitura do texto, refaçam a leitura do mundo e tomem a palavra. (PAULO FREIRE, 2003).

  1. JUSTIFICATIVA

Como futuras educadoras, identificamos que o projeto MOVA obtém diversas características riquíssimas em seu objetivo para se trabalhar com a alfabetização de jovens e adultos; por este motivo abordamos esse conteúdo. Iniciado no estado de São Paulo em 1989 inspiradas nas idéias freirianas, ou seja, de Paulo Freire.
De acordo com os relatórios das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), existem muitos brasileiros analfabetos no Brasil. Esse número pode ser mais de 14 milhões, cerca de 10% da população; São Paulo é o estado que possui o maior número de analfabetos.
Podemos apontar diversos os motivos de analfabetismo: muitos não despertam o interesse pela aprendizagem, por acharem que à escola é um lugar difícil, chato e cheio de regras; outros não tiveram oportunidade e acesso a uma escola e muitos por se sentirem incapazes e dentre outros motivos.
O projeto MOVA está ajudando a mudar essa situação, pois a maioria dos educandos (a) não sabem ler e escrever, manter esses dentro da sala de aula; por isso antes é feito um trabalho de acolhimento, aconchego e autonomia. Importante que os educadores do MOVA sejam criativos, mediadores e que busquem soluções para despertar nos educandos (a) uma curiosidade e o desejo pela aprendizagem; valorizando a cultura e a individualidade de cada um.
Necessário antes de tudo, o educador conhecer seus educandos (a), fazer debates, rodas de conversas, investigações, análise do que mais gostam de fazer no seu dia à dia, indo além de ler e escrever, respeitando como cidadãos; a luta pela educação e pelo desenvolvimento humano. De acordo com Paulo Freire é importante trabalhar a realidade do aluno de forma lúdica, prazerosa e significativa, acontecendo a aprendizagem dos educandos (a) na sala de aula.
Como diz Paulo Freire: “Não existe saber mais ou saber menos, existe saberes diferentes”.
Portanto podemos apontar que sempre isso acontece, pois, o projeto MOVA possuem fases, etapas, quando os educandos (a) do MOVA vai para o EJA é rejeitado, sofre preconceitos e acaba não dando continuidade aos estudos.
Seria extremamente importante o MOVA e o EJA fazer um trabalho em conjunto nesse momento de transição dos educandos (a).  

  1. OBJETIVOS DO MOVA-SP

  • Possibilitar a leitura e a escrita a jovens e adultos que ainda não sabem ler e escrever;
  • Desenvolver um processo de educação que possibilitar aos educandos a apropriação e construção de conhecimento, para compreensão e transformação da realidade social;
  • Possibilitar a educandos, educadores e comunidade participar do processo de produção, apropriação e divulgação da cultura popular;
  • Possibilitar a melhoria da qualidade de vida aos educandos e a comunidade na qual ele está inserido;
  • Incentivar a participação dos educandos e educadores nas lutas pelos direitos sociais dos cidadãos;
  • Ampliar a atuação de grupos populares em práticas educativas de jovens e adultos, nos conselhos de escolas, e em outros instancias que visam à democratização e a melhoria da qualidade do ensino;
  • Promover o real desenvolvimento das pessoas que frequentam o MOVA;
  • Contribuir para a redução do analfabetismo no Brasil, para a formação profissional e o fortalecimento da cidadania, bem como para a construção de políticas públicas voltadas à Educação de Jovens e Adultos e ao mundo do trabalho, numa perspectiva socioambiental, contribuindo com a construção de um País sem miséria;
  • Ampliar o exercício da cidadania, criando condições para que, no processo de alfabetização, educandos e educadores realizem a Leitura do Mundo de si mesmos e do contexto em que vivem, aprofundando a compreensão do seu “estar sendo no mundo” (“ler o mundo”) e a capacidade de intervir, no âmbito individual e coletivo, transformando a realidade na qual estão inseridos (“reescrever o mundo”), considerando as dimensões socioeconômico-cultural e ambiental.
  1. Metodologia do MOVA de acordo com Freire.


O educador Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial e considerado o patrono da educação Brasileira. Sua pratica didática fundamenta-se na visão que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade. Então fazendo o educando seguir sua criatividade para o aprendizado.
O Método de Freire, ficou famoso na década de 60 quando alfabetizou 300 cortadores de cana em 45 dias, na cidade de Angicos interior do rio Grande do Norte. Freire se sensibilizou com a vida dos moradores de Angicos pois além de analfabetos eles tinham uma vida muito sofrida, as maiorias trabalhavam na roça e a pobreza tomava conta do lugar. Nas salas de aulas eram usadas velas e lamparinas.
As pessoas tinham medo de ir para a escola, antes teriam que fazer um trabalho com os alunos encorajando-os. E naquela época as pessoas que não sabiam ler e escrever eram chamadas de “burras”. Por seu grande empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire se tornou inspirações para muitos professores, desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco.
A carreira do educador foi interrompida no Brasil pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Acusado de subversão, ele passou 72 dias na prisão e em seguida partiu para o exílio na Bolívia e Trabalhou durante 5 anos no Chile e em outros Países do Mundo como: Estados Unidos, Suíça, Moçambique – Continente Africano.
Com a anistia em 1979 Freire pôde retornar ao Brasil. Filiou-se ao Partidos dos trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Na gestão da prefeita Luiza Erundina (1989 – 1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 até 1991. Uma grande marca de sua passagem pela secretária municipal de Educação está a criação, O nome “MOVA” foi uma sugestão de Moacir Gadotti, então chefe de gabinete de Paulo Freire. Sendo adotado e realizado nos dias de hoje.   

Características do MOVA e suas transformações na Alfabetização

Hoje as aulas do MOVA acontecem em associações, espaços comunitários e igrejas. Existem vários motivos pelo qual os alunos do MOVA não estudaram, impedidos de estudar quando crianças ou por várias razões muitos não despertaram o desejo de estudar por achar a escola um lugar chato e cheio de regras. Em outros casos se sentiam incapazes.
Podemos acompanhar um relato de um educando: “O meu pai não aceitou que eu estudasse. Quando eu queria estudar ele dizia: Para que filho de pobre saber ler e escrever? ”. E que caneta de pobre era o cabo da enxada, era o que mais a gente fazia era trabalhar” -  recorda Maria Gil dos Santos.
De acordo com FURLANI sempre será necessário valorizar a identidade do educando.  
Existem três fases: A primeira e a segunda faces, como a cara e a coroa de uma moeda, são conhecidas embora ainda consideradas tem a marginal pela academia: uma face é a de aluno e a outra de trabalhador. Uma pode prevalecer sobre a outra, de acordo com cada caso. Mas a terceira face, a de cidadão, aparece amolgada nas outras como a figura difusa, porém constante, que se apresenta quando se gira uma moeda. Esquecida, essa terceira face só aparece quando é restituída ao aluno e trabalhador sua condição de cidadão, na inteireza que o valoriza e no respeito à sua identidade, para que possa exercer sua cidadania, vivenciando as duas dimensões (escola-trabalho) concomitantemente e toda a força educativa que possuem, na idade adulta. (FURLANI,1998,p.13).  
Os professores do MOVA tem que ser acima de tudo acolhedor, encorajar os alunos para mantê-los em sala de aula, combater o preconceito; pois além de ler e escrever o projeto tem que trabalhar a questão de valorizar o ser humano.
Como diz Paulo Freire: “Não há saber menor ou saber maior, há saberes diferentes”.
Por isso é extremamente importante debates, rodas de conversas, investigações; essa troca de conhecimentos para que as aulas sejam prazerosas e tenham sentido.
Eu tenho a impressão que o êxito ou o fracasso daqui para à frente depende de termos ou não tido a capacidade de aprender aquilo que Paulo Freire nos ensinou em termos de diálogo. O diálogo é a essência da educação, não há educação sem diálogo, não há MOVA sem diálogo. (GADOTTI, 2005).
Trabalhar sempre a realidade do aluno, com palavras geradoras; pois esses alunos sabem ler e escrever muito, nos professores temos muito a aprender com os alunos e ensinar. Segundo Emília Ferreiro: “É necessário fazer uma investigação com os alunos do MOVA para saber o grau de desenvolvimentos de cada um”.
Identificar em qual fase o aluno se encontra, se é na fase:
  • Pré-silábica
  • Silábica
  • Silábico-alfabético
  • Alfabética
Na construção da escrita há duas questões as quais os alunos precisam dar resposta. Uma dela é o que a escrita representa e, a outra, como ela se apresenta.

    1. Projeto MOVA fortalecendo a alfabetização pelo Brasil
Em muitos municípios, associando o poder público, organizações não governamentais (ONGs) e grupos sociais. Conforme o Estado e o município em que o projeto foi sendo implementado, ao nome do lugar: MOVA-Belém, MOVA-Porto Alegre, MOVA-RS. Também se adotou o nome para identificar um conjunto de municípios, como MOVA-ABC (região da Grande São Paulo). No caso deste projeto se referir a um conjunto de Estados brasileiros, aplicou-se o nome MOVA-Brasil.
Desde 2001, com o objetivo de fortalecer o trabalho de alfabetização e da EJA, os educadores que participam dos programas de alfabetização e que comungam dos mesmos objetivos vêm se organizando por meio da Rede MOVA-BRASIL. O projeto MOVA-Brasil faz parte da coordenação nacional dessa rede, por meio de representantes das regiões Nordeste e Sudeste, e está sempre presente nos Fóruns Sociais Mundiais, Fóruns Mundiais de Educação e Fóruns Sociais Brasileiros.
O MOVA funciona a partir de convênios, entre prefeitura e entidades assistenciais, sociedades e associações. A prefeitura custeia as despesas dos educadores, entidades e se responsabilizam pelo local das aulas. Formam-se classes com no mínimo cerca de 20 educandos; com frequência diária mínima de 12 educandos e com duração de 2 horas e meia, 4 vezes por semana, (2 à 5 feira) geralmente noturno.
O MOVA se define como um programa de alfabetização de jovens e adultos, identificado com a Educação popular, ou seja, apresenta objetivos que se alimentam às propostas de ação propagadas pelo paradigma da Educação popular. Este paradigma aponta para uma perspectiva de transformações das estruturas sociais, através de processos de mobilização e participação social.

5. Características mova no estado de São Paulo


O MOVA-SP foi desenvolvida por cinco instituições da sociedade civil com o conhecimento na área da Educação de jovens e adultos, sendo elas: Ação Educativa, associação de Educação Católica (AEC); Instituto sedes Sapientiae, Instituto Paulo Freire e Vereda. Para que ocorra um bom resultado no processo de alfabetização e desenvolvimento é necessário que os professores tenham formação específica e práticas pedagógicas, pois onde não ocorre isso a formação fica comprometido.
Na palestra que assistimos do MOVA, essa preocupação dobrou nos últimos dois anos, pois no programa do MOVA existe um forte apelo para características de Educação Popular tanto pelos discursos dos membros/participantes.
O MOVA nasce a partir de discussão, reflexão e proposição das entidades sociais e grupos populares que já desenvolviam alfabetização na cidade e se constitui em um programa de alfabetização de jovens e adultos em parceria entre as entidades sociais juridicamente constituídas e a Secretaria Municipal de Educação. Esse programa foi interrompido durante 8 anos, de 1993 a 1999, período em que a administração municipal estava a cargo de Paulo Maluf e Celso Pitta. Somente em 2000, com a administração petista de Marta Suplicy, no governo da cidade, o MOVA é novamente instituído.
Os monitores e Coordenadores do MOVA-SP deverão atender aos seguintes requisitos:
  • Ter concluído o Ensino Fundamental, para os Monitores e o Ensino Médio para os Coordenadores, ou ter experiência comprovada em programas de alfabetização de adultos;
  • Participar do curso de formação inicial oferecido pela Coordenadoria de Educação, sob orientação da Diretoria de Orientação Técnica da Secretária Municipal de Educação- DOT/SME;
  • Participar das atividades de planejamento e de formação permanente, às sextas-feiras em local a ser definido pela Coordenadoria de Educação, ouvida a Entidade Conveniada, sendo:
  1. No mínimo, 1 (uma) reunião mensal oferecida pela Coordenadoria de Educação, sob a orientação da Diretoria de Orientação Técnica da Secretária Municipal de Educação- DOT/SME;
  2. No mínimo, 3 (três) reuniões mensais oferecidas pela Entidade Conveniada, sob a orientação da Coordenadoria de Educação.
  • Em caso de formação intensiva, oferecida por DOT/SME ou Coordenadoria de Educação, as horas referidas no inciso anterior deverão ser utilizadas para esse fim.
  • A DOT/SME poderá contratar instituições educacionais públicas ou privadas, a fim de assegurar a formação inicial e permanente para Monitores, Coordenadores e responsáveis pelo MOVA-SP das Coordenadorias da Educação.
  • Os alunos egressos do Programa MOVA-SP que almejem a continuidade de estudos deverão dirigir-se a uma Escola de Ensino Fundamental, submetendo-se à classificação para matrícula em classes regulares da educação de Jovens e Adultos – EJA, no ano correspondente.
  • A Secretária Municipal de Educação manterá permanentemente o fórum Municipal do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos e os Fóruns Regionais do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, envolvendo parceiros e colaboradores do Programa MOVA-SP, configurando-se como instâncias de diálogo, planejamento, formação e avaliação do programa. O fórum foi criado a partir de uma decisão tirada do Simpósito de Educação de Adultos. Organizado pela S.M.E de São Paulo, em 01/abril de 1989.
  • Os fóruns Municipais do MOVA-SP serão organizados pela DOT/SME, em conjunto com representantes das Entidades e ocorrerão uma vez por semestre.
  • Os fóruns Regionais do MOVA-SP serão organizados pelas respectivas Coordenadorias de Educação, em conjunto com representantes das Entidades e ocorrerão duas vezes por semestre.
  • Compete à Secretária Municipal de Educação- SME, por meio da Coordenadoria de Educação, o gerenciamento, o acompanhamento técnico pedagógico e a execução dos convênios, na seguinte conformidade:
  • As classes e/ou núcleos conveniados ficam subordinados administrativa e pedagogicamente à respectiva Coordenadoria de Educação;
  • A Coordenadoria de Educação designará responsável para emitir parecer técnico, encaminhando para as providências quanto ao pagamento, observada a dotação própria.
  • As entidades assistenciais, sociedades e associações regularmente constituídas interessadas em colocar com o MOVA-SP deverão dirigir-se à respectiva Coordenadoria de Educação, de acordo com a localização de sua (s) classe (s).
De acordo com as palavras do próprio Paulo Freire, podemos perceber a diferença do MOVA-SP, entendemos a importância da capacitação dos educadores.
 Sim, nós criamos o MOVA, Movimento de Educação de Adultos de São Paulo. Mas, com uma diferença do que se fez em 63. Nós partimos do respeito absoluto aos movimentos populares. Então nós fizemos convênios com os movimentos populares da periferia de São Paulo, mais de cento e cinquenta movimentos, assinamos convênio com cada uma dessas sociedades e repassamos as verbas para elas capacitarem seus educadores. Criamos um conselho formado por eles e por nós, uma espécie de órgão pensador da política de educação. Nós trabalhamos seguindo muita gente, não necessariamente Paulo Freire, nem João, nem ninguém. A exigência é que fosse aplicada uma pedagogia progressista. O que importava era saber se o educador tinha uma cultura dialógica e aberta, respeitosa com o povo. No fundo, cada educador é um método. Não tem que estar bitolado. (PAULO FREIRE, 1996).

Para participar do MOVA haviam critérios descritos no documento denominado Caderno nº 1 do MOVA (1989):
  • 1º) O grupo popular de alfabetização e pós alfabetização que pretenda integrar-se ao MOVA-SP deverá estar comprometido com uma proposta de alfabetização voltada para o fortalecimento do movimento popular;
  • 2º) O grupo popular de alfabetização e pós-alfabetização, que pretende integrar-se ao MOVA-SP deverá inicialmente constituir-se numa entidade com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, ou estar ligado a entidades dessa natureza;
  • 3º) A entidade deverá ter representação no “Fórum dos Movimentos Populares de Alfabetização de Adultos da cidade de São Paulo (...);
  • 4º). Para que a entidade se integre ao MOVA-SP deverá atender a critérios mínimos.
Foi discutida e aprovada pelo Fórum Geral dos Movimentos a Carta de Princípios do MOVA que aponta as diretrizes do programa, tanto nas questões da parceria, quanto na linha político-pedagógica. Os princípios são os seguintes:
  1. Parceria efetiva entre a Secretaria Municipal de Educação e o Fórum dos Movimentos de Alfabetização na composição do MOVA.
  2. A linha político-pedagógica do MOVA será objeto de elaboração conjunta pela Secretaria Municipal de Educação e pelos Movimentos, resguardada a estes últimos a liberdade de adequarem tais propostas em sua realidade específica. O mesmo se aplica a elaboração e utilização de material didático, pedagógico e metodológico.
  3. Liberdade para que os movimentos escolham seus monitores e supervisores, de tal modo que sejam preservados os princípios centrais do projeto político pedagógico estabelecido em conjunto pelos Movimentos e pela Secretaria Municipal de Educação. Eventuais casos que se choquem frontalmente com tais princípios serão objeto de parecer por parte da Secretaria Municipal de Educação, quando dos cursos de capacitação, pareceres estes que serão encaminhados às entidades em questão para seu auto avaliação e decisão final.
  4. Dentro da linha político-pedagógica estabelecida em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pelos Movimentos, assegura-se a autonomia aos movimentos quanto à realização de debates, programas de formação específicos e atividades paralelas.
  5. Parceria também na formação dos monitores: os movimentos desejam participar ativamente com o corpo e com a cabeça na formação de seus monitores, e desejam, portanto, que seja criado mecanismo de parceria com a SME, para os trabalhos pedagógicos de formação de monitores.
  6. Os movimentos desejam independência da atual administração, tendo em vista sua compreensão de que o MOVA nasce na atual gestão, mas que deverá existir e crescer independentemente a ela.
  7. CONSIDERAÇÕES FINAIS


    O MOVA, tem seus desafios, suas conquistas, mas fundamentalmente tem sua razão de ser, para contribuir com a população na superação das situações de analfabetismo, para que a pessoa cresça como ser humano e seja um agente transformador de miséria humana em potencial de vida, e para isso os processos de formação dos seus membros devem contribuir na reflexão, proposição e defesa da Educação Popular que está a serviço do povo.
    Nos projetos de alfabetização de adultos ocorrem problemas como: a falta de recursos financeiros, assim como a troca constante dos educadores; a fala de avaliação da formação do programa MOVA-SP na cidade também aparece como um dificultador, pois não há um registro sistematizado que dê conta de apontar como foi a formação realizada por todas as instituições formadoras. O que se tem são as avaliações locais feitas individualmente pelas instituições formadoras.
    O desafio do MOVA é ser uma proposta de educação contínua, ou seja que o educando ingresse no MOVA como porta de entrada para sua escolarização, mas que ao sair dele, continue a estudar.
    O MOVA, baseado nas idéias de Paulo Freire, entende a educação como um processo através do qual as pessoas tornam-se cada vez mais plenas e, portanto, mais capazes de agir no mundo de forma crítica, transformando-o em direção a uma sociedade mais justa, igualitária, solidária e democrática.
    O MOVA é uma prova de cidadania. Podemos dizer que tivemos muitos erros e acertos. Acreditamos no erro construtivo, chegar mais longe, os caminhos a serem percorridos é ele que possibilita.
    Observa-se que mesmo em meio a tantas dificuldades há avanços e considerações positivas no processo de formação. Muito já foi feito. Ainda há muito por se fazer.
      Eu diria a nós, como educadores e educadoras: ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com a sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com  e agora ,ai daqueles que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelem a um passado de exploração e rotina.( Paulo Freire 1982,p.


    Poema: A Escola
    Escola é...
    O lugar que se faz amigos.
    Não se trata só de prédios, salas, quadros,
    Programas, horários, conceitos...
    Escola é sobretudo, gente
    Gente que trabalha, que estuda
    Que alegra, se conhece, se estima.

    O Diretor é gente,
    O Coordenador é gente,
    O Professor é gente,
    O aluno é gente,
    Cada funcionário é gente.

    E a escola será cada vez melhor
    Na medida em que cada um se comporte
    Como colega, amigo, irmão.
    Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”
    Nada de conviver com as pessoas e depois,
    Descobrir que não tem amizade a ninguém.
    Nada de ser como tijolo que forma a parede, Indiferente, frio, só.

    Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
    É também criar laços de amizade, É criar ambiente de camaradagem,
    É conviver, é se “amarrar nela”!

    Ora é lógico...
    Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,
    Fazer amigos, educar-se, ser feliz.
    É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.

    Paulo Freire

    Hino do MOVA (Almiro Henrique)
    “Vamos ler o mundo, escrever o mundo,
    Juntos fazer a nossa história acontecer!
    Acontece que o movimento cresce
    É um ato plural e coletivo, é a luta de homens e mulheres.
    Paulo Freire para sempre estará vivo;
    Conquistar o direito da escrita,
    da leitura é tornar-se cidadão,
    que transforma
    Que fala de política
    que critica que faz revolução.
    Vamos ler o mundo, escrever o mundo,
    Juntos fazer a nossa história acontecer! ”




















terça-feira, 21 de junho de 2016





5-ANÁLISE CRÍTICA

 

Segundo Piaget nós aprendemos através das experiências de vida, a aprendizagem tem que ter uma relação com o objetivo, assimilação, algo que está relacionado com nossa realidade.

O estudo do meio nos proporcionou fazer uma leitura do mundo, ampliando nossos horizontes, trazendo comprometimentos, exigências, transformações diversas que é de extrema importância para o nosso aprendizado.

Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede a leitura da palavra, o conhecimento do mundo do aluno ajuda no processo de leitura, os valores e conhecimentos que o aluno traz consigo facilita no processo de aprendizagem, é extremamente importante trazer para dentro da escola a leitura de mundo do aluno.

De acordo com Maria Helena Martins a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, nos faz mudar o nosso jeito de pensar, de agir com outras pessoas, sem a leitura somos escravos de nós mesmos.

A leitura não se da somente em textos escritos, cabe a nós educadores repensar nossa prática profissional e investir na leitura em seu sentido mais amplo independente do contexto escolar e muito além dos textos escritos, transformando a visão do mundo que nos rodeia e ampliando as noções de leitura, também é preciso transformações no que diz respeito a cultura particular.

De acordo com Rubem Alves ao ler um texto, por exemplo, compreender o contexto, ter sentido significado e significante, ou seja, como educador a escola precisa dar aos alunos ferramentas para entender o mundo. Não pode ser uma tarefa só para cumprir as normas da escola e sim para se tornar um aluno crítico, questionador, reflexivo, ver o mundo com a visão diferente ter opiniões próprias.

Para Délia Lerner para despertar ao aluno o desejo pela leitura e escrita é necessário: ler livros ilustrativos, coloridos, ler uma história e relacionar com a realidade do aluno, fazer com que eles reflitam sobre a história, construir um texto a respeito da história, fazer comparações com o dia-a-dia do aluno, fazer com que eles reflitam sobre a história através da imaginação, registros, observações, criar condições para que os alunos participem ativamente da cultura escrita desde a alfabetização inicial.

O livro Homem-Pássaro mostra a realidade vivida por Pedro deduzimos que ele foi alfabetizado no método ambientalista, pois, o sonho dele era ser vaqueiro como o pai, ou seja, filho de vaqueiro, vaqueiro é... Em outros momentos achamos que ele foi alfabetizado como Paulo Freire no quintal de sua casa a sombra da mangueira com palavras do seu mundo, os alunos não tinham que memorizar mecanicamente, era de forma lúdica, prazerosa, não era reprodução e sim criação.

A mãe de Pedro adorava cantar música fazendo com que ele relembrasse sua infância que não foi só de brincadeiras, mas também, de muito trabalho.

A música é muito importante para o professor trabalhar noções de tempo, ritmo, vocabulários diferentes, cultura, construção de um texto, expressão corporal, equilíbrio e envolve muita leitura emocional que inconscientemente Lea o aluno a relembrar a sua história, quando lemos um livro ou ouvimos uma canção deparamos com momentos bons ou ruins.

A Mary sofreu muito preconceito na escola, principalmente por sua professora, porque tinha uma mancha de nascença na testa, por ser gorda e por não sorrir por isso sofria bulling, era ignorada pelos pais, a mãe era alcoólatra e cometia vários furtos, mesmo sem o apoio da família Mary conseguiu alcançar seus objetivos e fez curso superior.

Nós educadores devemos ter muito cuidado para não cometermos erros como o da professora de Mary, pois, ela não se preocupou de observar e descobrir o que acontecia com o mundo da sua aluna.

O Pedro do livro homem- pássaro sofreu preconceito quando chegou a São Paulo e foi morar com o tio em um cortiço junto com os italianos que olhavam para eles com desprezo, pois, não gostavam de nordestinos, não gostavam da forma como falavam do sotaque, do regionalismo, nem da forma como se vestiam e se comportavam, além de terem medo de perderem o emprego para eles. Havia muito preconceito na ariação lingüística.

No começo Pedro e seu tio dormiam no chão, e só conseguiram arrumar emprego temporário como pintor e pedreiro.

Podemos observar na estação da Luz muitas pessoas em situação de rua que vieram de seus lugares a procura de uma vida melhor e na maioria das vezes não conseguiu arrumar um emprego, e conseqüentemente por falta de dinheiro não conseguiram retornar a sua cidade de origem, por esses motivos sofrem preconceito pela sociedade e até mesmo por seus familiares, e acabam muitas vezes tendo que morar na rua; além dessas pessoas em situação de extrema pobreza nos deparamos com usuários de drogas que também moram na rua, não tomam banho, cheiram mal e ficam perambulando pelo centro de São Paulo, existe muitos motivos que levam uma pessoa a morar na rua, pode ser alguma decepção amorosa, financeira, depressão, falta de emprego ou por serem expulsos de casa pelos pais, enfim, a situação se tornou cada vez mais precária. E hoje podemos notar que existem muitos moradores de rua pelo centro de São Paulo.

Antigamente a única forma que os imigrantes e migrantes tinham de se comunicar era por cartas, mandavam até dinheiro pelo envelope de correspondência, isso poderia levar meses até o local de origem.

Notamos que no livro, filme e na visita ao Memorial a comunicação muitas vezes acontecia através de cartas, que é uma forma de comunicação escrita que está se perdendo nos dias atuais é interessante ressaltar que uma das celas que visitamos no Dops havia algumas mensagens escritas por pessoas que passaram por ali, escreviam seus nomes, ou recados para que ficasse registrada a passagem deles, no marco histórico tão importante como a ditadura, algumas era escritas com o próprio sangue.

Encontramos informações do livro: Casa da Solidariedade, 1998 achou interessante essa história, pois, foi escrita por Leandro da Silva Almeida, 13 anos de idade, ele escreve através de uma carta uma história comum que vivenciamos no bairro da Luz.

Leandro relata a história de um homem rico, preconceituoso e orgulhoso, e do outro lado um homem simples e pobre que morava na rua, este era catador de papelão.

O homem que tinha preconceito de vários gêneros, maltratou com palavras o catador de papelão.

Um dia o catador de papelão achou um bilhete de jogo da Mega Sena e estava premiado e o homem rico e preconceituoso acabou perdendo tudo o que tinha, lojas e ainda teve que pagar indenizações.

Com esta situação os papeis se inverteu, o catador de papel pegou o dinheiro e ajudou os outros que viviam na mesma situação que ele antes.

Notamos a presença de linguagem figurada, muitas vezes Max imaginava que as minhocas iriam todas para o céu, em outro momento Max e Mary se imaginavam no céu sendo donos de todos os chocolates da terra. Pedro também viajava na imaginação quando ouvia as histórias do contador de histórias, sobre pescadores, caçadores alguns personagens do folclore como Boitatá que era uma cobra de fogo com cabeça de boi e dois chifres e a Caapora que era um homem com os pés virados para trás e longos cabelos vermelhos. A Mary tinha uma grande curiosidade para saber de onde vinham os bebes; seu avô usou linguagem figurativa dizendo que os bebes surgiam de um copo de cerveja.

Mary, então, folheou aleatoriamente a lista telefônica e escolheu um nome que a atraiu: Max, ela resolveu escrever para ele para convidá-lo para ser seu amigo e também para saber como os bebes nascem na America; quando Max recebeu sua carta, seu mundo mudou, pois ele achava o ser humano muito complicado e tinha muita dificuldade de se relacionar, ele não tinha amigos e possuía Síndrome de Asperger que é um transtorno neurológico definido pela presença de Déficits persistente na comunicação social e na interação social em múltiplos conceitos, mas resolveu ser amigo de Mary e respondeu sua pergunta; para Max os bebes vinham através de ovos colocados pelos rabinos, se a pessoa não for judia era colocado por freiras católicas se a pessoa for ateu é colocado por prostitutas sujas e solitárias.

O mundo de Mary era sempre em tom marrom-avermelhado, o de Max era cinza escuro com presença e ausência de luz. Assim como o mundo de Mary, o vermelho, mesmo com mínima presença também habita o mundo de Max que tinha entre os seus objetivos da sua vida ter um amigo de verdade.

A narrativa transita entre esses dois mundos, o marrom e o cinza parecem refletir os sentimentos de solidão e desamparo que são tão presentes na vida desses dois personagens.

A brincadeira infantil era muito importante como, por exemplo, a bicheira que tinha um significado muito grande para Pedro.

Segundo Vygotsky ao brincar a criança aprende a ler, contar com sua imaginação de forma lúdica e prazerosa.

Observamos no Parque da Luz muitas crianças brincando com areia, sem brinquedos, isso é de extrema importância para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, a maioria delas estava descalças e muito interessados.

Em outro momento observamos crianças passeando pelo parque olhando a paisagem que era linda, com arvores, obras de arte, lago e peixes, segundo Paulo Freire eles estavam fazendo uma leitura do mundo; ao mesmo tempo aprendendo de forma lúdica e prazerosa.

A Mary do filme era uma criança de oito anos, criativa e solitária fabricava os personagens do seu desenho favorito com resto de ossos de frango que sobrava do jantar. É muito importante as crianças interagir com outras crianças e com outras pessoas, pois aprendemos muito em grupo além de desenvolver o lado cognitivo, afetivo e social.